Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
27 de Abril de 2024

STF decide que pais não podem tirar filhos da escola para ensiná-los em casa

Para a maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal, educação domiciliar exige a aprovação de uma lei que assegure avaliação de aprendizado e socialização.

Publicado por Correção FGTS
há 6 anos

Ministros em sesso do STF que julgou ao sobre educao dos filhos pelos pais em casa Foto Carlos MouraSCOSTF

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (12) que, com a atual legislação, os pais não têm direito de tirar filhos da escola para ensiná-los exclusivamente em casa, prática conhecida como educação domiciliar (ou “homeschooling”, no termo em inglês).

No julgamento, a maioria entendeu que é necessária a frequência da criança na escola, de modo a garantir uma convivência com estudantes de origens, valores e crenças diferentes, por exemplo.

Argumentaram também que, conforme a Constituição, o dever de educar implica cooperação entre Estado e família, sem exclusividade dos pais.

Durante os debates, os ministros se dividiram sobre a possibilidade futura de adoção dessa modalidade de ensino.

Dos 10 que participaram do julgamento, só um, o relator Luís Roberto Barroso, votou pela autorização do ensino domiciliar, desde que atendidos requisitos mínimos.

Para a maioria – Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Rosa Weber, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Marco Aurélio e Cármen Lúcia – essa prática poderá se tornar válida se aprovada uma lei que permita avaliar não só o aprendizado, mas também a socialização do estudante educado em casa.

Outros dois ministros – Luiz Fux e Ricardo Lewandowski – entenderam que a Constituição não admite a educação domiciliar.

Relator da ação, Luís Roberto Barroso foi o único a votar pela permissão, numa sessão na semana passada, condicionando a prática à obrigação dos pais de submeterem os filhos educados em casa às mesmas avaliações dos alunos de uma escola.

Desde 2012, tramita no Congresso projeto de lei com exigências semelhantes, mas ainda sem aprovação na Câmara e no Senado. Segundo a Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned), existem atualmente 7,5 mil famílias que educam os filhos em casa.

A ação sobre o assunto chegou ao STF em 2015, na forma de um recurso de uma estudante de Canela (RS) que queria ser educada pelos pais em casa, mas teve o pedido negado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS).

No ano seguinte, Barroso suspendeu ações em que pais eram processados criminalmente por não matricularem os filhos na escola.

Para ele, a Constituição não proíbe expressamente o ensino domiciliar, e os pais teriam direito de escolher a melhor forma de educar os filhos.

Julgamento

Para Barroso, que votou na semana passada, a Constituição não proíbe expressamente o ensino domiciliar e os pais teriam direito de escolher a melhor forma de educar os filhos.

Citou pesquisas no exterior – a maioria dos países desenvolvidos libera o “homeschooling” – mostrando que alunos nessa modalidade têm melhor desempenho no aprendizado e níveis acima da média de socialização.

“As crianças que estão em educação domiciliar, conforme pesquisas relevantes, não apenas têm melhor desempenho acadêmico, como também apresentam nível elevado de socialização, acima da média, por circunstâncias diversas, pela igreja, clubes desportivos", afirmou Barroso.

Para o ministro,"por trás das motivações dos pais, está preocupação genuína com o desenvolvimento educacional pleno e adequado. Nenhum pai ou mãe faz essa opção, muito mais trabalhosa, por preguiça”.

Na sessão desta quarta, Alexandre de Moraes foi o primeiro a divergir. Considerou que, embora não seja proibida pela Constituição, a educação domiciliar precisa de lei para garantir avaliações de desempenho e de “convivência comunitária”, para que a criança tenha contato com maior pluralidade de ideias na sociedade.

“Não há vedação expressa explícita para que seja possível o ensino domiciliar. Até porque a Constituição deixou bem clara a coexistência do ensino público e privado. O privado pode ser coletivo e não poderia haver vedação ao ensino privado individual, domiciliar”.

Para Moraes, entretanto, a simples liberação do ensino domiciliar pelo STF não permitiria a fiscalização. O risco, segundo ele, seria uma maior evasão escolar.

Voto de Fux

Luiz Fux abriu uma terceira corrente, para proibir o ensino domiciliar em qualquer hipótese. Para ele, a criança deve sempre ir à escola, mesmo que sofra problemas como bullying, motivo de muitos pais para a educação no lar.

“O bullying também tem um lado muito negativo e o lado positivo, da criança saber vencer, através do conselho dos pais, suas adversidades. De sorte que não tenho nada contra o ensino domiciliar, mas entendo que deva ser complementar, mas não substitutivo”, afirmou.

Fonte: G1

Leia Também:

    • Publicações703
    • Seguidores732
    Detalhes da publicação
    • Tipo do documentoNotícia
    • Visualizações4685
    De onde vêm as informações do Jusbrasil?
    Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
    Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/stf-decide-que-pais-nao-podem-tirar-filhos-da-escola-para-ensina-los-em-casa/624834259

    Informações relacionadas

    André Coelho , Advogado
    Artigoshá 6 anos

    Creche municipal sem vagas, o que fazer?

    Notíciashá 14 anos

    O Código PENAL como auxiliar contra a evasão escolar

    Wagner Francesco ⚖, Advogado
    Artigoshá 8 anos

    Educar os filhos fora da escola é crime ou não?

    Elenilton Freitas, Advogado
    Artigoshá 5 anos

    STF e a data de corte na Educação

    Crianças de 4 e 5 anos devem, obrigatoriamente, frequentar a escola a partir deste ano

    28 Comentários

    Faça um comentário construtivo para esse documento.

    Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

    O risco de tirar da escola e ensinar em casa é que o menor aprenderá a pensar e questionar. Isso, a longo prazo, implica redução da massa de ignorantes que só sabem votar na melhor campanha publicitária e não na melhor opção para o país. continuar lendo

    A única coisa que me deixa em dúvida é o contato e sociabilidade da criança. Já é muito fácil ficarmos numa bolha social, como isso seria sanado? Por outro lado isso já acontece sem o homeschooling... Creio que o debate foi cortado muito cedo. continuar lendo

    Acho que faltou a esse bando da "tutores nomeados" um pouco de "homeschooling". As escolas no Brasil são o que há de pior no mundo e se os pais demonstram condições para substituir com vantagem essa droga que chamam de ensino, então por que não, se até países com muito melhor qualidade de ensino permitem tal modalidade? continuar lendo

    Já decidi a tempos que quando tiver um filho, ele vai ter educação em casa. Se for matricular em alguma escola, eu irei avaliar o local, os alunos, etc.

    Sai do ensino médio público faz uns 5 anos e conheço a selvageria de perto.

    O problema ta longe de ser as escolas, a falta de estrutura ou a educação precária.
    As crianças estão vindo com problemas de natureza familiar grave.
    Não possuem educação, se sentem onipotentes (e os pais incentivam isso, no momento em que falam "Ahh, é normal, adolescentes são tudo assim mesmo" e não os corrigem), sem disciplina, contaminados por gírias (tem hora que parece até que falam um dialeto diferente), cada vez mais sexualizados e interessados no uso dos mais variados tipos de porcarias para se destacarem dentro do grupo.
    Adolescentes já são complicados por natureza. Soma-se isso com uma base familiar precária, uma sociedade com valores em colapso e os demais colegas de classe todos na mesma condição, e o que temos?

    Não é atoa que dentro do cenário acadêmico as coisas também vão de mal a pior.
    Me dói no coração ver a quantidade de alunos de DIREITO (na minha sala, passa de 60%) que cortam fila para assinar lista de chamada, respondem e vão embora da aula, lancham dentro da sala com uma placa enorme que proíbe a pratica, etc. Praticam vários pequenos atos imorais e incongruentes que revelam o caráter do indivíduo e são reflexos daquilo que trazem de casa e das escolas.

    DEFINITIVAMENTE NÃO!
    Meu filho será educado em casa e só irá se socializar depois que eu garantir que ele consiga resistir às influências externas, ou então se socializará com crianças que não pareçam animais selvagens (como são as muitas que vejo dentro do transporte público todos os dias).
    Não adianta você dar uma boa base para a criança, se todo mundo ao redor dela for deturpado de alguma forma. É a teoria da árvore contaminada...

    Quanto ao STF, não me admira a posição negativa no assunto, seus filhos frequentam as melhores escolas, onde a maioria dos alunos tem pelo menos uma educação familiar mínima.
    Lendo por cima os votos me parece até que eles vivem no país dos Unicórnios mágicos voadores. continuar lendo

    É curioso, não podemos ensinar em casa. Mas as escolas que o Estado oferece faz tudo, menos educar... Por pior que seja, melhor em casa sem instrução, que nas escolas públicas que parecem mais oficia do crime. continuar lendo

    Quem teria condições de estudar em casa certamente não está em escolas públicas. continuar lendo

    @skafast
    A pergunta é: as escolas públicas são um lugar razoavelmente aceitável (não apenas para ensino, mas para os pequenos permanecer), para os pais que são OBRIGADOS deixar os filhos lá? continuar lendo

    Corretíssimo Edu! continuar lendo

    Pronto, o comunismo entrou porta a dentro de sua residencia! continuar lendo